domingo, 1 de junho de 2014

Voltar a ser criança

O Dia da Criança é perfeito para vos revelar que, passados 20 anos desde a última colecção que tinha feito, volto a estar viciado em cromos! É básico? Sim. Inútil? Também. Um desperdício de dinheiro? De certa forma. Mas é tão bom voltar a sentir aquela adrenalina de abrir uma carteirinha nova, de ver as equipas a ganhar rostos, de ir riscando os números na lista (até poder mandar a cartinha mágica a pedir os últimos), que não resisti à sugestão dos meus amigos Carlos e Ascensão e caí nos braços da Panini.
Iniciei-me nos cromos há 30 anos. Tinha três aninhos e ajudava o meu irmão a colar cromos nesta caderneta do Euro 1984. Portugal tinha craques como Jordão, Veloso ou Chalana, com os seus visuais à anos 80, num campeonato em que o maior cromo foi Platini - já então nosso inimigo.
A partir daqui, comecei a fazer colecções por conta própria: cadernetas de desenhos animados, de animais, até uma original com notas de todo o mundo, mas o que me dava mesmo pica era o desporto. Lembro-me de vibrar com a caderneta da NBA, numa altura em que a RTP transmitia os jogos ao fim-de-semana, mas a colecção que provocou a maior febre entre colegas de escola foi a do campeonato 93-94. E acho que a coisa parou por aí. Dos 4 aos 14 anos, o razoável.

Mas o coração tem razões que a própria razão desconhece e, com a desculpa de iniciar a Luisinha neste passatempo, comecei a comprar os cromos do Mundial. Na impossibilidade de estar no Brasil e viver por dentro o campeonato, como fiz no último Europeu, desforro-me nos cromos. A primeira vez que cheguei ao quiosque para pedir carteirinhas (é todo um vocabulário que renasce) teve o seu quê de embaraçoso, mas afinal de contas a moda dos revivalismos anda aí e também não há que ter vergonha de ser infantil nalgumas coisas.

A Luisinha achou graça a colar "os meninos", e até se ajeitou com aquilo, mas aqui o "arrumadinho" punha-se nervoso quando ela os colava tortos, sem ficarem rigorosamente dentro do rectângulo previsto, pelo que, para bem dos dois, passei a abrir muitas saquetas às escondidas... no fundo, ela ainda não acha assim taaaanta piada àquilo, ok?
A Luisinha muito compenetrada a colar os cromos...
...e eu a sofrer por dentro quando eles ficavam um bocadinho tortos!
Como se isto não bastasse, e depois de, à primeira, ter achado uma ideia estapafúrdia, viciei-me também na colecção virtual do Mundial, que tem a grande vantagem de ser grátis e mais rápida, pelo que estou quase a acabar. Já na versão em papel, ainda me faltam uns 400 cromos... é que quer a Panini, quer a FIFA, cresceram no olho para o negócio: hoje o número de selecções num Mundial é maior (32, desde 1998; até aí eram 24), o que dá mais de 600 cromos!

E desse lado, quem tem repetidos para a troca?

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